“No que se refere a vinho, sempre recomendo que se joguem fora tabelas de safras e manuais investindo num saca-rolhas. Vinho se conhece mesmo é bebendo!” – Alexis Lichine

Introdução
Após termos falado sobre Chile, Argentina e Estados Unidos, o próximo destino de nossa viagem será o Uruguai. Vimos também que praticamente todo país do novo mundo possui uma uva emblemática: a Zinfandel nos Estados Unidos, a Malbec na Argentina e a Carmenère (falaremos sobre ela ainda) no Chile. A casta que representa o Uruguai é essa magnífica uva que iremos tratar nesse post: Tannat.
História
Na história das uvas vimos que a Malbec era conhecida como o patinho feio e recebeu seu nome devido ao seu gosto ruim. A tannat por sua vez pode ser considerada como a irmã da Malbec, pois ela também era rejeitada na França devido à alta quantidade de taninos. Muitas pessoas acham que a Tannat é originiária do Uruguai mas ela é da região de Madiran, ao sul da França.

Acredita-se que a Tannat foi trazida para o Uruguai por imigrantes bascos no século XIX. Por volta do ano de 1870 um imigrante basco, Pascual Harriague, formou os primeiros vinhedos de Tannat em Salto, noroeste do país. Hoje, o Uruguai já produz vinhos dessa uva com qualidade igual a dos vinhos chilenos, argentinos, franceses, etc.

Características da Tannat
A tannat é uma casta muito singular pois ela se encontra provavelmente como a uva vinífera conhecida mais tânica. Vimos no segundo post que os taninos produzem uma adstringência grande num vinho e, caso não sejam tratados, amargor:

Tem um ditado que diz que para tomar um vinho dessa possante uva é necessário estar munido de um martelo e uma bigorna para poder aguentar a “pancada” desses vinhos tão austeros e rascantes mas, ao mesmo tempo, estruturados, encorpados e intensos.
Ela também faz parte da família dos vinhos tintos frutados, ou seja: vai apresentar vários dos aromas presentes nos vinhos que já vimos por aqui como o cabernet-sauvignon, malbec, zinfandel, etc.

Aromas claros de cassis, cerejas, ameixas, goiaba, amora, mirtillo. Aromas secundários de côco, baunilha e tabaco devido ao envelhecimento no barril de carvalho.
Harmonização
Conforme falei no post da malbec, quando se pensa em churrasco logo surge a idéia de combiná-lo com a uva malbec. Não tiro nenhuma razão desse pensamento, mas acredito que ele surge também devido ao pouco conhecimento da uva Tannat, pois ela é perfeita com gordura devido aos seus fortes taninos. Mais especificamente, a perfeição da harmonização é alcançada junto com o famoso churrasco Uruguaio: Parrilla (Pronuncia-se Parrija no Uruguai). Ele consiste basicamente num conjunto de várias carnes, verduras e miúdos feitos na lenha ao mesmo tempo.

Um breve comentário: antes que alguém me critique dizendo que minha Parrilla é incompleta, vou explicar de antemão que a farei apenas com as carnes e legumes que me apetecem e usarei carvão ao invés de lenha por falta de churrasqueira específica para o uso dela. Numa Parrilla autêntica feita no Uruguai teríamos mais opções de carnes e miúdos: pimentão verde, amarelo, vermelho, chorizo (linguiça preta feita do sangue do porco), intestino de boi, etc.
Bife de ancho e de chorizo:
Picanha:
Bife de tira angus:
Apenas colocaremos sal e pimenta:
Para a parrilha, iremos usar também legumes:
Para temperar os legumes iremos utilizar o molho chimi-churri:
Para prepará-lo, usaremos duas colheres de sopa de água, duas colheres de sopa de vinagre, duas colheres de sopa de azeite e sal.
Enquanto esperamos a parrilla, o aperitivo será com a cerveja Budweiser e amendoim. Ela é uma excelente cerveja apesar de não ser puro malte (ser feita apenas com cevada, seguir a lei de pureza de 1516 da Baviera).
Vinho de escolha: Río de los Pájaros, família Pisano 2013
Na opinião de especialistas do vinho como Jancis Robinson e Steven Spurrier, a bodega Pisano é a melhor produtora do Uruguai e produz os melhores vinhos Tannat do mundo. Também ele não é um vinho tão caro (na faixa de R$ 70 reais). Logo nossa escolha será por ele.
Conclusão
Realmente o vinho apresenta uma qualidade muito acima da média com aromas complexos como o da madeira comprovando o fato de que o Uruguay também produz vinhos tops. A minha opinião pessoal sobre a tannat é que ela só combina mesmo com muita gordura, devido à sua “pancada” de taninos. É um vinho bem austero, difícil de tomar, o exato oposto da primitivo, por exemplo. Gostei da experiência e da combinação mas definitivamente a tannat não faz parte das minhas uvas preferidas.
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Pedro, Desgustar uma Tannat pura é para quem realmente gosta de vinhos tânicos! Preferencialmente prefiro uma mistura de tannat com Shiraz. Agora sua partilha tá muito chique com aspargos!!!
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