“O enólogo é o cara que, diante do vinho, toma decisões e o enófilo é o cara que, diante das decisões, toma vinho!” (Luiz Groff)

Introdução
Finalmente teremos nossa primeira parada no Brasil meus amigos! E o post de hoje terá o objetivo de revelar uma grande verdade incógnita de muitos: no Brasil se faz bons vinhos!
É bem verdade que as pessoas desconhecem esse fato porque realmente na história do Brasil nunca houve vinhos de destaque como vemos hoje até pouquíssimo tempo. Recentemente um amigo Francês me enviou uma série de artigos de revistas francesas enaltecendo os vinhos Brasileiros: na última copa do mundo vários bons entendedores e degustadores de vinhos do mundo todo (principalmente da França) ficaram maravilhados com a qualidade dos vinhos brasileiros não apenas dos espumantes mas também dos tintos.

E, dentre as uvas mais bem adaptadas no Brasil, nenhuma se habituou tão bem como a Merlot e por isso ela será empregada por nós como perspectiva vitícola iconólatra brasileira!
Breve História da Viticultura Brasileira
O primeiro registro histórico de que se tem notícia sobre a primeira plantação de uvas viníferas no Brasil foi feita pelos colonizadores portugueses em 1532, através de Martin Afonso de Souza, na então Capitania de São Vicente, hoje Estado de São Paulo, com resultados desanimadores devido ao clima quente e úmido. Diz-se então que os bandeirantes foram os primeiros a alastrar a cultura da uva pelo território brasileiro.
Porém, desde o princípio, os vinhos feitos no Brasil eram de baixíssima qualidade e com uvas inadequadas para a viticultura. Conforme o Brasil ia crescendo, ficando rico, algumas pequenas indústrias iam surgindo, fato que retirava um bom número da receita de Portugal. Então, como o Brasil era uma colônia, a rainha Dona Maria I baixa um alvará em 5 de janeiro de 1785 proibindo toda a atividade manufatureira no Brasil. Nada podia ser transformado e depois vendido, tudo tinha que vir de Portugal. Isso acabou sepultando a jovem indústria vitivinícola no Brasil. Esse alvará só viria a cair com a chegada da família real futuramente.
Entre 1870 e 1875 teve início a colonização italiana na Serra Gaúcha, instalando-se uma colônia com hábitos ligados ao vinho, que inicialmente elaborou vinhos de mesa para consumo próprio e em seguida avançou produzindo para o consumo de toda a região sul.
Apenas em 1970, com a chegada ao Brasil das primeiras multinacionais do vinho, foram implantados vinhedos de uvas viníferas, sendo esta a data de início da vinicultura fina em nosso país.
Muitas famílias descendentes dos primeiros imigrantes italianos entenderam bem o que se passava e não deixaram escapar a oportunidade de se profissionalizarem oficialmente, criando então novas empresas ou solidificando as já existentes com um alto nível de sofisticação técnica e muito conhecimento empresarial. Daí surgem Miolo, Pizzato, Lovara, Dal Pizzol, Dom Cândido, Valduga, Lidio Carraro, Dom Giovanni, Pedrucci, Marson, Valmarino e tantos outros que, junto dos mais antigos como Cooperativa Aurora, Salton, Cooperativa Garibaldi, La Cave, redesenham todo o cenário vinícola nacional. Desde então a qualidade dos vinhos brasileiros somente vêm evoluindo de maneira espantosa.
Características da Merlot
Se a Cabernet-Sauvignon encontra-se como a referência número 1 no que tange ao quesito de cepas tintas, com toda a certeza a número 2 é a Merlot. Essa que é ingrediente importante de alguns dos melhores e mais caros vinhos do mundo, como alguns crus produzidos pela vinícola Petrus que são vendidos no Brasil com um valor médio de 40 mil reais!!!
A palavra “merlot” significa “pequeno merle”, ou melro, em francês, um pequeno pássaro preto comum na Europa. Originária da região de Bordeaux, na França, a Merlot é descendente da Cabernet Franc e meia irmã da Carménère e da Cabernet Sauvignon. Os primeiros registros oficiais são recentes, de 1784 em Bordeaux.
E o que torna a merlot tão conhecida e amada por muitos é o fato de que ela é muito semelhante à Cabernet-Sauvignon porém com taninos bem menos intensos. Vinhos produzidos com ela possuem média tanicidade, o que os tornam fáceis de harmonizar com muitos tipos diferentes de comida. Os aromas típicos de um vinho à base de Merlot são os frutados de amora, morango, framboesa, cereja, ameixa, groselha e figo, os florais de rosas e violetas, os derivados de carvalho, como cedro, cacau, tabaco, baunilha e fumaça, os herbais, como menta e louro, e os de especiarias, como canela, cravo, alcaçuz e café.

Harmonização
Conforme mencionamos no post atual, a merlot é uma uva que produz vinhos com tanicidade média e, isso significa dizer que, a quantidade de harmonizações possíveis com essa uva é colossal. Mas hoje irei combiná-la com uma receita que aprendi com um amigo na Marinha: Pizza 4 queijos gourmet.
Vinho de escolha: Salton Desejo Merlot, 2008
Escolher um vinho que sirva de exemplo de como o Brasil possui coisa boa não é fácil devido à alta variedade, mas a nossa escolha será feita baseada na grande propaganda e comentários que esse vinho possui em todo o mundo. O salton desejo merlot é uma verdadeira obra de arte aprovada por diversos conhecedores de vinho no mundo todo. Arrisco-me a dizer que nenhum vinho tinto brasileiro ganhou tamanha repercussão como ele. Basta ir ao youtube e ver a quantidade de comentários e críticas sobre ele ou adquirir revistas estrangeiras famosas como a mostrada no começo do post (La revue du vin de France) para se ter uma idéia da grandiosidade dele.
É também um vinho considerado de guarda e envelhecido (9 anos na garrafa). Antes de ser engarrafado ele passa cerca de 1 ano em barrica de carvalho francês (podendo ser considerado um gran reserva) e 1 ano envelhecendo na adega antes de ser posto para venda. Uma das características de um vinho de guarda é a espessura da sua garrafa.
Receita da Pizza
Para essa pizza será necessário 1kg de Farinha de trigo de boa qualidade
½ copo de óleo
1 a 3 copos de leite
1 tablete de fermento biológico para pizzas e pães
Colocamos a farinha de trigo e depois juntamos os ingredientes aos poucos até a massa “descolar” da mão:
Depois da massa pronta, ela deve descansar por um tempo entre 2,5 a 3 horas para ela “crescer”. Após esse tempo:
Antes de trabalharmos a massa pré-aquecemos o forno e levamos a pedra para aquecer:
Agora trabalhamos a massa
Adicionamos o molho de tomate com um pouco de azeite e orégano:
Após colocamos o queijo mozzarella (muçarela)
Ralamos os queijos provolone e parmesão e colocamos o gorgonzola por cima
Levamos a pizza ao forno até que o queijo todo derreta e a massa fique dourada:
E finalmente ela estará pronta:
Conclusão
Et voilà, ficou um espetáculo essa combinação:
O vinho é realmente um espetáculo e em qualidade assemelha-se à linha Marquês de Casa Concha da Concha Y Toro. Nessa última foto pode-se perceber a diferença de um vinho envelhecido para um vinho jovem. O salton desejo 2008 possui coloração bem mais “tijolo” que os outros vinhos mais jovens. Viva o Brasil, Viva o Rio Grande do Sul e Viva Bento Gonçalves!!!!!
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