“A idade é melhor vista em quatro coisas: madeira velha para queimar, vinho velho para beber, velhos amigos para confiar e autores antigos para ler.” Francis Bacon
Introdução
Amigos, hoje o post será um pouco diferente dos anteriores porque será nossa primeira visita a uma vinícola: a Góes. Falaremos um pouco sobre a visita e sobre seus bons vinhos incluindo sua prata da casa: o Philosofia. Falaremos também de um restaurante que é, em si próprio, um ponto turístico da cidade de São Roque: o Quinta do Olivardo!
Vinícola Góes
Para quem mora em São Paulo ou nos arredores não pode perder de fazer esse passeio para essa casa maravilhosa que fica localizada na cidade de São Roque. Apesar da maioria das pessoas terem como referência os vinhos da Góes como sendo aqueles de garrafão ou os ditos “suaves”, hoje vou mostrar aqui que a história contemporânea dessa vinícola fundada em 1938 é bem diferente!
De início eu me senti muito bem recebido pela alta simpatia das atendentes do lugar. Há dois tipos de degustações diferentes que podem ser feitas lá: uma com vinhos inferiores e outra com vinhos “finos” no valor de apenas R$15. Há também uma opção de fazer essa degustação assistida com o sommelier da casa junto com o passeio pela fábrica por R$35. Escolhemos essa última e ficamos impressionados com a estrutura e qualidade dos vinhos.
O legal de fazer essa visita é que ela sai quase pelo preço da degustação simples já que você ganha uma taça de brinde que é vendida na loja por R$20. Tivemos uma aula rápida sobre a história da Góes e dos seus principais vinhos finos dela ministrada pelo Jaílson com algumas curiosidades sobre o vinho como a cortiça com que é feita as rolhas:
É importante frisar que a Góes hoje se juntou com a Casa Venturini e também fabrica vinhos no Rio Grande do Sul. Como primeiro vinho da degustação tivemos um Chardonnay dessa mesma casa:
Chardonnay Reserva Casa Venturini
Esse é um vinho premiado que possui um bom custo benefício. Minha humilde opinião é que ele é o mais fraco dentre os que tive a oportunidade de degustar se assemelhando um pouco com o Riesling da Almadén que revisei num post passado. Ele é agradável no paladar porém é pouco encorpado e sem muita personalidade sendo considerado levemente “aguado”. Mas é um excelente custo benefício e ideal para o início de um evento. Recomendo-o a todos!
O segundo vinho da degustação foi um rosé que me impressionou: Vinho Góes Tempos Pétalas Rosé Cabernet Franc 2017. Apesar de ser pouco encorpado como o Chardonnay, esse vinho possui aromas fortes de pêssego, de frutas tropicais e florais. Muito agradável e me surpreendeu pela qualidade!
Na sequência tivemos outro vinho que realmente me surpreendeu: Góes Tempos Mineres Syrah. Confesso que não estava esperando muita coisa deste mesmo sabendo que essa Syrah é plantada em Minas Gerais como o vinho que degustamos no post anterior. Fui surpreendido pelo forte aroma de ameixa e de frutas vermelhas. Um vinho agradável que possui taninos trabalhados porém com acidez acentuada. Uma revelação!
Casa Venturini Tannat Reserva 2014
O quarto vinho da degustação não me causou nenhum espanto visto que já esperava algo de qualidade vindo da Casa Venturini. Mas confesso que fiquei um pouco apreensivo devido à minha primeira experiência com essa uva. Mas essa apreensão foi em vão porque esse é um daqueles vinhos que todos os que duvidam que existem bons vinhos no Brasil precisam experimentar. Vinho agradável e com forte presença de aromas de frutas negras, taninos presentes como é de costume na tannat porém trabalhados. Acidez um pouco acentuada!
Saint Tropez Espumante Moscatel
Apesar de terem pecado servindo-o nessa taça, esse é um moscatel como todos os outros brasileiros. Perdoem-me pela ignorância porém tenho dificuldade de ver diferença entre produtores com esse tipo de vinho. Talvez seja porque o Brasil é o campeão e a qualidade deles é sempre alta!
O penúltimo vinho da degustação foi o mais esperado por mim: Casa Venturini Merlot Reserva 2014. Assim como o tannat, esse também apresenta aromas fortes de frutas negras e vermelhas e aromas amadeirados. Possui taninos trabalhados e levemente arredondados porém peca no aspecto que quase todos os brasileiros possuem: acidez levemente acentuada!
O último vinho da rodada de degustações foi o Casa Venturini Vivere Brut. Como é de costume de todo espumante Brasileiro produzido no terroir gaúcho, esse é um bom exemplar. Perlage presente e agradável no paladar. No nariz deixou um pouco a desejar porque careceu de aromas clássicos como o de frutas cítricas, castanhas, amêndoas e nozes dos champagnes.
A prata da casa não tinha disponível para degustação, apenas para venda: Philosophia Cabernet Franc Reserva 2016. Decidimos levar uma garrafa pelo preço de R$70.
Gostaria de deixar meus elogios ao bom trabalho desempenhado pela equipe Góes. Parabéns aos seus funcionários pelo ótimo atendimento!
Quinta do Olivardo
Com toda certeza um dos pontos turísticos dessa amável pequena cidade é o restaurante Quinta do Olivardo. A sensação que temos ao entrarmos nele é que estamos em Portugal sendo embalados pelo Fado. Ele também produz seu vinho próprio inclusive com a participação dos clientes enterrando os vinhos. Seu Olivardo com certeza é uma pessoa de visão!
Trouxemos o philosofia para degustarmos nesse lugar. Já faz um certo tempo que tenho tido vontade de degustá-lo porque esse vinho já ganhou medalha de ouro em um concurso internacional sendo o primeiro vinho do sudeste do Brasil a conquistar esse feito. O problema é que como só foram fabricadas 5000 garrafas dele, ele acaba se tornando raro de encontrar para comprar. O que mais me chama a atenção é que ele é feito 100% com Cabernet Franc, que é uma uva muito utilizada em cortes como os Bordeaux por exemplo.
Enquanto o vinho chega na temperatura ideal iremos pedir uma cerveja de trigo junto com uma entrada símbolo de Portugal: a alheira.
Até agora fico lambendo os lábios quando me recordo do sabor desse prato. Estava tão macio que ela derretia na boca. A Baden Baden Weiss também deu aquele toque aveludado.
Como prato principal para acompanhar nosso vinho optamos pelo leitão à bairrada servido com arroz de brócolis.
Que vinho! Bastante aromático com notas de chocolate e frutas negras e vermelhas. Taninos bem arredondados, álcool equilibrado e leve acidez: nota 10.
Por último provamos um dos símbolos da casa: o pastel de Belém recém retirado do forno. Parabéns Seu Olivardo pelo lugar maravilhoso!
Conclusão
Que viagem maravilhosa e rica tanto de sabores, aromas e belezas visuais! Recomendo a todos conhecerem a vinícola Góes junto com seus vinhos “finos” e o restaurante da Quinta do Olivardo.
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